Não podia estar mais de acordo com isto, que li neste blog:
"Há gente que nasce, gente que desaparece, gente que cresce e eu não sei ou sei já tarde. As amizades cultivam-se, regam-se e eu não tenho água. Temo que murchem e algumas nem chegam a crescer. Pode ser falta de tempo ou, mais grave, pode ser falta de jeito. Pode ser uma fase."
Desde que fui mãe a nossa vida, lá em casa, mudou radicalmente. Embora ache que a vida do papá não mudou assim tanto como isso.
Não tenho tempo para nada, não tenho tempo para mim, não consigo quase estar com os amigos.
Sinto falta daqueles momentos, deitada no sofá a ver um filme porreiro, sinto falta de ir a um bar, ouvir uma música, um jantar de amigos, sei lá sinto falta de ter uns momentos para mim.
Há que séculos que não cuido de mim, que não vou a um cabeleireiro... eu bem quero ir, mas......
A vida do maridão não mudou assim tanto, ele vai beber um café se lhe apetecer, vai a jantares e vai a bares com amigos, tem tempo para ir ao cabeleireiro todos os meses, tem tempo para continuar a fazer o voluntariado nos Bombeiros (uma coisa que lhe dá uma adrenalina brutal), tem tempo para dormir umas sestas. Não vê filmes, porque nunca foi pessoa de estar deitado no sofá a ver filmes, é uma pessoa que prefere mil vezes estar na rua a passear.
E eu...
Eu tento controlar tudo em casa, é casa para arrumar, roupa para lavar, para estender, para passar.
É sopas para fazer, refeições para preparar, loiça para lavar. É tanta coisa e eu não tenho tempo para nada e não tenho mãos a medir.
E depois, há uma menina linda que tenho lá em casa, mas que me ocupa grande parte do tempo, é atenção que tenho que lhe dar, é o comer, é as fraldas para mudar, é os banhos..... é tanta coisa. Uma criança absorve-nos de uma maneira que nunca antes imaginei....
E, diga-se de passagem, que o marido não ajuda nada nas tarefas de casa. E quando toca a limpezas, é o primeiro a bazar de casa.
E também não me posso esquecer que não podemos estar sempre enfiados em casa. Temos que sair, ir ao parque com a Adriana, dar-lhe um tempo ao ar livre, porque dentro de quatro paredes, está ela sempre enfiada (quer no infantário, quer em casa).
Desde que a Adriana nasceu, que a minha sogra está constantemente a pedir que a Adriana fique lá uma noite com ela. Mas nunca, nunca, a minha filha passou uma noite longe dos pais. Passou sempre as noites connosco. E por mais que queira e que até tenha necessidade, não consigo dizer "Pronto, está bem. A Adriana hoje fica em casa dos avós"
Com toda esta reviravolta na minha vida, acabei por deixar para trás pessoas que me eram e ainda são próximas. Se antes nos viamos quase sempre, agora passo quase 3/4 semanas, sem estar com eles.
Não tenho tempo, e quando tenho, preciso de descansar do cansaço acumulado.
Não, também não ando a cair para o lado de tanto cansaço, mas ressinto-me. Sempre tive necessidade de dormir 8 horas por dia. Agora durmo 6h ou até 5h30m. E para não falar das ricas noites que a minha filha passa sempre a pedir chucha ou com tosse ou sempre a resmungar (embora esteja a dormir).
Tenho saudades do meu tempo de estudante, tenho saudades das galhofas, tenho saudades dos trabalhos de grupo, tenho saudades das conversas "de baixo nível" que tinhamos, tenho saudades das conversas na biblioteca............. nunca pensei em dizer isto, mas tenho saudades do tempos passados na universidade.
E não me afastei, a vida é que não me permite estar mais próximo.
E só espero que entendam este meu lado. Mas eu sei, que no dia que tiverem os vossos filhos vão perceber, esta falta de tempo.
. E quase 3 meses depois......
. Das festas de fim de ano ...
. O Papá
. Da Joana
. As festas já se passaram....